sexta-feira, 22 de julho de 2011

A POF 2008-2009 e o estado nutricional dos brasileiros


Os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009 apontam que uma em cada três crianças brasileiras está acima do peso recomendado pela OMS.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde (MS), divulgou no final de agosto os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009. Foram analisados os dados de peso, estatura e Índice de Massa Corpórea (IMC) de mais de 188 mil pessoas em todas as regiões do país.


Seus resultados foram comparados com o Estudo Nacional da Despesa Familiar de 1974-1975, com a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição de 1989 e com a POF de 2002-2003, para obtenção da tendência secular [1].
Com a divulgação dos dados, o que era apenas um receio para muitos profissionais de saúde, tornou-se realidade: o excesso de peso e a obesidade são encontrados com grande freqüência entre a população brasileira já a partir dos 5 anos de idade, em todos os grupos de renda e em todas as regiões do país. Em 2009, uma em cada três crianças de 5 a 9 anos (33,5%) estava acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ultrapassando padrões internacionais [2].
Por outro lado, a boa notícia é que o déficit de estatura – considerado um indicador de desnutrição – caiu para 6,8% entre as crianças da mesma faixa etária, sendo ligeiramente maior entre os meninos (7,2%) que entre as meninas (6,3%).
A região Norte contempla a maior concentração de baixa estatura e a região Sul a menor. O déficit de peso estava presente entre 4,1% das crianças em 2009, com pouca variação entre os gêneros [2].
A avaliação do estado nutricional dos jovens entre 10 e 19 anos também revelou um aumento contínuo de peso nos últimos 34 anos, sendo mais perceptível no gênero masculino. A análise mostrou que 21,5% dos adolescentes estavam com excesso de peso e que a obesidade apresentava tendência ascendente, passando de 0,4% para 5,9% entre os rapazes e de 0,7% para 4,0% entre as meninas [2].
Na população adulta, o quadro é ainda mais inquietante, já que o excesso de peso quase triplicou entre os homens (de 18,5% em 1974-1975 para 50,1% em 2008-2009) e representou 48% entre as mulheres. Os valores para obesidade foram de 12,4% para o gênero masculino e 16,9% para o feminino [2].
Segundo os dados da POF, os homens com maior taxa de renda foram os mais atingidos pelo excesso de peso e obesidade, além de se destacarem nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e nos domicílios urbanos. Entre as mulheres, as duas condições se destacaram no Sul do país e nas classes intermediárias de renda [2].
Considerando que o excesso de peso entre os adultos tem aumentado mais de um ponto percentual ao ano, é possível prever que em cerca de dez anos dois terços da população adulta do Brasil se enquadrará dentro desta classificação, atingindo proporção idêntica à encontrada atualmente nos EUA [2,3,4].
Por meio de uma serie de relatórios e ações, a OMS vem alertando os governos sobre o impacto da obesidade na saúde pública e na economia dos países, indicando a necessidade de programas que propiciem padrões alimentares saudáveis e a prática de atividade física regular.
Nesse sentido, os profissionais de saúde exercem papel fundamental como formadores de opinião, educadores e incentivadores de um estilo de vida que promova o balanço energético e a ingestão de alimentos básicos, que incluem arroz, feijão, hortaliças e frutas.


Referencias Bibliográficas:

[1] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. POF 2008/09 mostra desigualdades e transformações no orçamento das famílias brasileiras. http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1648&id_pagina=1. Consultado em 08 set. 2010.
[2] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. POF 2008-2009: desnutrição cai e peso das crianças brasileiras ultrapassa padrão internacional http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1699&id_pagina=1. Consultado em 08 set. 2010.
[3] Centers for Disease Control and Prevention. Overweight and Obesity. http://www.cdc.gov/obesity/index.html. Consultado em 08 set. 2010.
[4] Monteiro CA. O aumento da obesidade. Jornal O Globo. 28 abr. 2010.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Atum e salmão protegem o coração e espantam o mau humor

Que os peixes em geral promovem uma onda de boa saúde não restam dúvidas. Fonte de proteína, esta carne magra carrega nutrientes e vitaminas que só fazem bem ao organismo. Mas duas espécies se destacam por suas propriedades nutritivas . O salmão e atum disputam o posto de rei dos mares quando o assunto é benefícios, que vão desde a proteção contra doenças cardiovasculares, o Mal de Alzheimer e a depressão. É fácil incluí-los no cardápio. Versáteis, eles vão bem grelhados, na mistura de patês, na massa ou no risoto. Com a vantagem de que, quando são consumidos crus, à moda japonesa, preservam a totalidade dos nutrientes. As vitaminas lipossolúveis (A, D e E) presentes no atum e no salmão não são tão sensíveis ao calor, entretanto a exposição às altas temperaturas pode reduzir as propriedades benéficas do ômega-3, que é sensível ao calor perdendo parte de suas propriedades nutricionais.

Ômega 3: gordura que vale ouro
O salmão carrega maiores quantidades desse ácido graxo poli-insaturado. A tradução para esse nome complicado é simples. É uma gordura. Isso mesmo, gordura. Mas nem toda gordura é nociva ao organismo. O ômega 3, por exemplo, é um dos melhores exemplares da turma dos mocinhos. Um dos seus maiores feitos é deixar o coração tinindo. Ele evita a formação das placas de gordura na parede das artérias e garante a flexibilidade dos vasos sanguíneos, afastando o risco de doenças como infarto, derrames e hipertensão. Além disso, esses ácidos graxos modificam a composição química do sangue, provocando o aumento dos níveis do HDL (colesterol bom) e a diminuição dos níveis de LDL (colesterol ruim). O organismo também utiliza o ômega 3 para produzir prostaglandinas, substâncias químicas que têm participação em muitos processos, inclusive no combate às inflamações e em outras funções do sistema imunológico. Mas as vantagens do ômega 3 vão mais além. 
Pesquisadores da Universidade de Harvard concluíram que mulheres que seguem uma dieta com alimentos ricos em ômega 3, como atum e salmão, estão menos propensas a desenvolver endometriose, doença que causa fortes dores e infertilidade. Por outro lado, uma dieta rica em gordura trans pode estar associada a um maior risco de desenvolvimento da doença. A pesquisa, publicada na revista científica americana Human Reproduction, acompanhou mais de 70 mil mulheres durante doze anos. A partir desse acompanhamento, foi possível descobrir que as mulheres com uma dieta rica em ômega-3 tinham 22% menos chances de serem diagnosticadas com endometriose do que aquelas que ingeriam o ácido graxo em menores quantidades. Um outro estudo da Universidade de Colúmbia, em Nova York, concluiu, após avaliar mais de 2 mil pessoas, que uma dieta rica em frutas oleaginosas (como castanhas, nozes e amêndoas), peixes ricos em ômega 3 (como o salmão e o atum) e legumes ricos em ácido fólico diminuem significativamente as chances de que uma pessoa desenvolva o Mal de Alzheimer.

Magnésio para melhorar o humor
atum contém maiores doses deste nutriente conhecido como o mineral anti-estresse. São 41,8 mg contra 29,7 mg do salmão. A deficiência deste mineral no organismo resulta em fadiga e carência de enzimas envolvidas na produção de energia. Prova disso é que uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria da Inglaterra mostrou que os níveis deste mineral são mais baixos em pessoas que sofrem de depressão. O magnésio também é indispensável para o bom funcionamento dos nervos e músculos. Além de evitar a formação de pedra nos rins e na vesícula. 

Potássio regula a pressão arterial
O atum oferece mais quantidades desse mineral que, associado ao sódio, regula o equilíbrio da água no organismo e normaliza o ritmo do coração, além de auxiliar na redução da pressão sanguínea. São 361,9 mg contra 336,6 mg do salmão. O potássio também favorece o raciocínio claro, enviando oxigênio ao cérebro.

Salmão (110g)
Atum (110g)
Calorias
138,6 kcal
146,3 kcal
Lipídios
21,67 g
27,50 g
Proteínas
5,72 g
5,06 g
Fósforo (mg)
275
303,6
Magnésio (mg)
29,7
41,8
Potássio (mg)
336,6
361,9
Selênio (mcg)
82,5
88
Vitamina A (mcg)
61,6
23,1
Cálcio (mg)
44
19,8

Vitamina A: protetora da visão
O salmão é mais rico em vitamina A - 61,6 mcg, enquanto o atum tem 23,1 mcg. Essa vitamina exerce numerosas funções no organismo, como ação protetora dos olhos, da pele, mucosas e da capacidade funcional dos órgãos de reprodução. O nutriente também confere elementos de defesa contra as infecções. 

Selênio contra os tumores 
O atum contém 88 mcg de selênio, um antioxidante que previne o envelhecimento e o amadurecimento celular, afastando os risco de tumores. O atum, por sua vez, fornece 82,5 mcg. A substância também ajuda a manter a elasticidade dos tecidos e alivia os incômodos do período menstrual. 

Cálcio: esqueleto de aço
O salmão carrega boa quantidade de cálcio. São 44 mg contra 19,8 mg de atum. O mineral mantém dentes e ossos fortes, combatendo o raquitismo e a osteoporose. Além disso, o nutriente mantém os batimentos do coração regulares e ajuda o sistema nervoso a trabalhar melhor.

Fósforo dá mais pique
O atum contém mais fósforo. São 303,6 mg, enquanto o salmão tem 275 mg. Este mineral é necessário para uma boa formação óssea e dentária. É importante para a regularidade do coração e essencial para o funcionamento dos rins. Também fornece mais energia ao corpo, auxiliando no metabolismo de gorduras e amidos. 

Faltou salmão? Conheça a truta salmão 
Presença frequente nos cardápios dos restaurantes, feiras e peixarias, a truta salmonada (ou truta salmão) é uma truta, cuja carne, em vez da cor branca característica da espécie, adquire a cor rosada típica do salmão, daí o nome truta salmonada. Para atingir a coloração, a truta passa pelo processo da salmonização, que acrescenta pigmento à base de lecitina de soja à ração do peixe, cerca de 60 dias antes do abate. Na natureza, o salmão adquire a cor alaranjada, porque consome pequenos animais, especialmente crustáceos e moluscos, com alta concentração de carotenoides, substâncias que conferem a cor vermelha, laranja ou amarela a vegetais, como tomate, cenoura. 
Mas não é difícil distinguir os dois peixes. A truta salmonada apresenta uma cor mais forte, comparada ao salmão, e um aroma e sabor mais suaves. "Os valores nutricionais de ambas as espécies são excelentes. São alimentos com elevado teor de proteínas, e quantidade de ômega 3 semelhante, porém o salmão apresenta uma quantidade um pouco maior de ômega 3". A truta salmonada ainda é rica em vitamina A, selênio, potássio e fósforo.

                                                                                                                             (Fonte: Yahoo Notícias.) 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

yahoo Noícias

Médicos americanos recomendam que Estado troque de lar as crianças gravemente obesas

O Estado precisa retirar as crianças gravemente obesas da guarda de seus pais e recolocá-las em outros lares, onde devem aprender a se alimentar de forma equilibrada, estimam dois médicos americanos num editorial polêmico, divulgado nesta quarta-feira.
"Uma intervenção estatal poderá servir da melhor forma aos interesses de numerosos meninos e meninas obesos, que têm a vida em risco, optando, assim, por uma forma única e realista de controlar hábitos perigosos", escreveram Lindsey Murtagh, da Escola de Saúde Pública de Harvard, e David Ludwig do Hospital Infantil de Boston.
"Nos casos de obesidade infantil mórbida, o afastamento das famílias pode se justificar do ponto de vista jurídico, devido ao risco iminente para a saúde dessas crianças e ao fracasso recorrente dos pais de levar em conta seus problemas médicos".
Dois milhões de crianças nos Estados Unidos são consideradas portadoras de um significativo excesso ponderal, isto é, possuem um índice de massa corporal superior a 99 por cento, disseram os médicos.
"Um tal grau de obesidade pode ter consequências imediatas e potencialmente irreversíveis, como a diabetes do tipo 2", asseguram, em artigo no Journal of the American Medical Association (JAMA).
As leis atuais protegem há longo tempo as crianças subalimentadas ou negligenciadas pela família, mas "só a força do Estado garantirá a solução para problemas de superalimentação ou obesidade (...).
Para os doutores Murtagh e Ludwig, esta opção não é a desejável, mas reconhecem que a recolocação temporária pode permitir a essas crianças adquirir hábitos alimentares mais saudáveis, ficando livres de eventuais intervenções cirúrgicas.
As declarações dos dois profissionais causaram uma grande agitação na comunidade médica e na mídia americanas. O JAMA divulgou um comunicado assegurando que a opinião não reflete o do jornal como instituição. "O conteúdo da publicação é de responsabilidade de seus autores".

quinta-feira, 7 de julho de 2011

SOJA

Além de seu perfil protéico de alto valor biológico, a soja é considerada um alimento funcional em razão de seus diversos benefícios à saúde, cientificamente comprovados

A soja é um dos alimentos funcionais cujos benefícios são mais conhecidos pela população e reconhecidos por órgãos de saúde. Originária da China, a soja é um grão que pertence à família das leguminosas, assim como o feijão, a ervilha e a lentilha.
Rica em fibras e cálcio, a soja contém uma considerável quantidade de todos os aminoácidos essenciais, assemelhando-se às fontes protéicas de origem animal. Também é uma boa fonte de vitaminas do complexo B, de potássio, zinco e outros minerais, além de seu perfil lipídico ser composto principalmente por ácidos graxos poli-insaturados, que auxiliam na manutenção de níveis adequados de colesterol do sangue e, portanto, contribuem para a saúde cardiovascular.
Além de saponinas, ácidos fenólicos, ácido fítico e fitoesterois, a soja contém isoflavonas em sua composição. As isoflavonas apresentam uma estrutura semelhante à do hormônio estrogênio e, por isso, são conhecidas como fitoestrógenos ou fito-hormônios, exercendo diversas ações biológicas importantes1. Assim, a soja recebe considerável atenção pelo seu potencial na redução do risco de doenças crônicas2, como será descrito a seguir.

Os benefícios da soja à saúde
Diversos estudos demonstram que a soja exerce ação hipocolesterolêmica, contribuindo para a prevenção de doenças coronarianas. Diversas evidências comprovam que as isoflavonas exercem potente ação hipocolesterolêmica em humanos 3-5. Os estudos verificaram que a ingestão diária de 20g a 50g de proteína de soja isolada rica em isoflavonas pode resultar em redução de até 30% do risco de doença coronariana 6,7.
Em um estudo realizado por Wangen et al. 3 com mulheres pós-menopausadas normo e hipercolesterolêmicas, com idade entre 45 e 70 anos, verificou-se que, quando comparada com a dieta controle, a dieta com alta concentração de isoflavona (2mg/Kg/d) reduziu o LDL-c em 6,5%. Além disso, as dietas com alta e baixa concentração de isoflavona reduziram a razão de LDL/HDL colesterol em 7,7% e 8,5%, respectivamente. Apesar de terem sido notadas pequenas diferenças nas concentrações de LDL-c, essa diminuição pode ser associada com uma redução de 16% no risco de doença coronariana.
Os possíveis mecanismos das ações responsáveis por esses efeitos incluem a similaridade biológica da isoflavona com o estrógeno, os efeitos da proteína de soja e da isoflavona na atividade da lipase hepática e no tecido adiposo, a regulação dos receptores de LDL, a indução da expressão gênica de diversas enzimas e proteínas importantes no metabolismo lipídico e a inibição da absorção do colesterol no intestino delgado pela proteína de soja 4, 5.
Assim, a Food and Drug Administration (FDA) 8 aprovou uma alegação sobre as propriedades da proteína de soja na redução do colesterol sanguíneo: "O consumo de 25g de proteína de soja por dia como parte de uma dieta baixa em gordura saturada e colesterol pode reduzir o risco para doenças do coração". Esta recomendação também está devidamente reconhecida pela ANVISA 9.

Consumo de soja e saúde da mulher
A soja pode ser um excelente protetor contra o câncer de mama.

As isoflavonas da soja possuem efeitos tanto estrogênicos como antiestrogênicos, dependendo do tecido em que elas atuam. Na fase reprodutiva, quando a concentração de hormônios endógenos circulantes é alta, as isoflavonas podem exercer um efeito antagonista fraco no receptor de estrógeno, consequentemente provocando um efeito antiestrogênico nos tecidos uterino e mamário, onde o excesso de estrógeno pode estimular a proliferação celular e o crescimento tumoral. Por esse motivo, seu consumo tem sido atribuído a uma diminuição do risco de câncer de mama estrógeno-dependente 11,12.
Essas evidências foram confirmadas no estudo de Wu et al. 13, realizado em mulheres com idade entre 25 e 74 anos, que avaliou a associação do risco de câncer de mama associado à ingestão de soja durante a adolescência e a idade adulta. O estudo verificou que o risco para câncer de mama foi inversamente associado à ingestão de soja durante a adolescência e a idade adulta. As mulheres que reportaram ingestão de soja pelo menos uma vez por semana durante a adolescência mostraram uma redução estatisticamente significativa no risco de câncer de mama. A média de ingestão de isoflavona foi de aproximadamente 12mg/dia. Além disso, as mulheres que consumiam quantidades de soja, tanto na adolescência como na vida adulta, apresentaram o menor risco.

As isoflavonas da soja podem ser importantes aliadas no período da menopausa
No período da menopausa, quando ocorre uma redução significativa das concentrações de estrógeno circulantes, os seus receptores ficam consequentemente mais disponíveis, favorecendo a ação estrogênica das isoflavonas, que, embora fraca, auxilia na reposição do hormônio endógeno 14.
Recentes estudos que utilizaram altas dosagens das isoflavonas da soja verificaram melhora significativa dos sintomas do climatério. Estudo de Li et al. 15 avaliou os efeitos da suplementação de 120mg/dia das isoflavonas da soja nos sintomas do climatério em 50 mulheres, durante oito semanas. O estudo verificou que as isoflavonas da soja promoveram uma redução significativa na frequência dos sintomas mais comuns, tais como os fogachos e a insônia. As isoflavonas promoveram, ainda, um aumento nas concentrações dos hormônios estrógeno, progesterona e testosterona circulantes.
Entretanto, evidências sugerem que a ingestão de quantidades menores das isoflavonas já é suficiente para promover esses benefícios. O estudo de Welty et al. 16 verificou que o consumo diário de 25g de proteína de soja durante oito semanas promoveu uma redução de 45% no número de episódios de fogachos ao dia. Resultados semelhantes foram obtidos na revisão de Kurzer 17, que concluiu que o consumo de 30mg/dia das isoflavonas da soja pode reduzir os fogachos em até 50%. Além disso, o autor ressalta que esta ingestão deve ser realizada fracionada ao longo do dia para garantir os seus benefícios.

A soja pode estar associada à saúde óssea
Observações recentes indicam que a soja tem um efeito positivo na saúde óssea, mas o exato mecanismo de ação ainda não está claro. Diversos estudos epidemiológicos verificaram uma associação entre o consumo de uma dieta rica em produtos à base de soja com a baixa prevalência de osteoporose. Evidências sugerem que as isoflavonas da soja previnem a perda óssea causada pela deficiência de estrógeno que ocorre no período da menopausa 18.
Recente meta-análise publicada por Taku et al. 19 analisou os estudos que avaliaram os efeitos das isoflavonas da soja na densidade mineral óssea (DMO) em mulheres menopausadas e verificou que a ingestão média diária de 82mg de isoflavonas ao dia aumenta a DMO na espinha lombar em mulheres menopausadas. Outra meta-análise 20 realizada examinou 18 estudos conduzidos para avaliar os efeitos da isoflavona da soja na DMO da espinha e os biomarcadores de reabsorção óssea (deoxipiridinolina urinária e fosfatase alcalina óssea).
As análises indicaram que o consumo de 90mg/dia de isoflavonas promoveu o aumento significativo da DMO na espinha, além de reduzir os marcadores da reabsorção óssea, indicando que os mecanismos de ação das isoflavonas na saúde óssea estão associados à inibição da reabsorção óssea e à estimulação da formação óssea 20.

Consumo da soja como alternativa para indivíduos com intolerância à lactose
A intolerância à lactose é o tipo mais comum de intolerância aos carboidratos e acomete cerca de 70% da população adulta mundial 21. No Brasil, a incidência da deficiência de lactase ocorre em 58 milhões de brasileiros maiores de 15 anos, correspondendo a cerca de 25% da população 22,23.
A soja é a única fonte de proteínas de origem vegetal que possui todos os aminoácidos essenciais e, portanto, é considerada fonte proteica de alto valor biológico, além de ser uma importante fonte de cálcio 2.

Referências Bibliográficas:
1. ESTEVES, E.; MONTEIRO, J.B.R. Beneficial effects of soy isoflavones on chronic diseases. Rev. Nutr. Campinas; v.14, n.1, p.43-52, 2001.
2. PHILIPPI, S.T. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. São Paulo: Manole, 2008.
3. WANGEN, K.E.; DUNCAN, A.M.; XU, X.; KURZER, M.S. Soy isoflavones improve plasma lipids in normocholesterolemic and midly hypercholesterolemic postmenopausal women. Am. J. Clin. Nutr.; v.73, p.225-31, 2001.
4. ZHAN, S.; HO, S.C. Meta-analysis of the effects of soy protein containing isoflavones on the lipid profile. Am. J. Clin. Nutr.; v.81, p.397-408, 2005.
5. JENKINS, D.J.A.; KENDALL, C.W.C.; JACKSON, C.C. et al. Effects of high and low isoflavone soyfoods on blood lipids, oxidized LDL, homocysteine, and blood pressure in hyperlipidemic men and women. Am. J. Clin. Nutr.; v.76, p.365-72, 2002.
6. LIAO, F.H.; SHIEH, M.J.; YANG, S.C. et al. Effectiveness of a soy-based compared with a traditional low-calorie diet on weight loss and lipid levels in overweight adults. Nutrition; v.23, n.7-8, p.551-6, 2007.
7. WELTY, F.K.; LEE, K.S.; LEW, N.S. et al. Effect of soy nuts on blood pressure and lipid levels in hypertensive, prehypertensive, and normotensive postmenopausal women. Arch. Intern. Med.; v.167, n.10, p.1060-7, 2007.
8. FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Food labeling health claims: soy protein and coronary heart disease. Food and Drug Administration. Final Rule. Federal Register. Disponível em: . Acesso em 12 de julho de 2007.
9. ANVISA. Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e ou de Saúde, Novos Alimentos/ Ingredientes, Substâncias Bioativas e Probióticos. Lista de alegações de propriedade funcional aprovadas. Disponível em: . Acesso em 06 de maio de 2010.
10. BARBOSA, A.C.L.; HASSIMOTTO, N.M.A.; LAJOLO, F.M.; GENOVESE, M.I. Teores de isoflavonas e capacidade antioxidante da soja e produtos derivados. Ciênc. Tecnol. Aliment.; v.26, n.4, p.921-926, 2006.
11. ALEKEL, D.L; GERMAIN, A.; PETERSON, C.T. et al. Isoflavone-rich soy protein isolate attenuates bone loss in the lumbar spine of perimenopausal woman. Am. J. Clin. Nutr.; v.72, p.844-52, 2002.
12. LU, L.W.; ANDERSON, K.E.; GRADY, J.J. et al. Decreased Ovarian Hormones during a Soya Diet: Implications for Breast Cancer Prevention. Cancer Res.; v.60, p.4112-4121, 2002.
13. WU, A.H.; WAN, P.; HANKIN, J. et al. Adolescent and adult soy intake and risk of breast cancer in Asian- Americans. Carcinogenesis; v.23, p.1491-1496, 2002.
14. SALGADO, J.M.; ANGELIS, R. Fitoestrógenos da Soja. In: ANGELIS, R. Importância de Alimentos Vegetais para o Ser Humano. 1 ed. Rio de Janeiro: Atheneu, p. 181-192, 2000.
15. LI, Y.; LIU, K.; LEI, W.; ZHANG, K. Effect of soy isoflavones on peri-menopausal symptom and estrogen. Wei Sheng Yan Jiu; v.39, n.1, p.56-9, 2010.
16. WELTY, F.K.; LEE, K.S.; LEW, N.S. et al. The association between soy nut consumption and decreased menopausal symptoms. J. Womens Health; v.16, n.3, p.361-9, 2007.
17. KURZER, M.S. Soy consumption for reduction of menopausal symptoms. Inflammopharmacology; v.16, n.5, p.227-9, 2008.
18. ISHIMI, Y. Soybean isoflavones in bone health. Forum Nutr.; v.61, n.104-16, 2009.
19. TAKU, K.; MELBY, M.K.; TAKEBAYASHI, J. et al. Effect of soy isoflavone extract supplements on bone mineral density in menopausal women: meta- analysis of randomized controlled trials. Asia Pac. J. Clin. Nutr.; v.19, n.1, p.33-42, 2010.
20. MA, D.; QIN, L.; LIU, B. et al. Inhibition of soy isoflavone intake on bone loss in menopausal women: evaluated by meta-analysis of randomized controlled trials. Wei Sheng Yan Jiu; v.38, n.5, p.546-51, 2009.
21. TÉO, C.R.P.A. Intolerância à lactose: uma breve revisão para o cuidado nutricional. Arq. Ciência Saúde Unipar; v.6, n.3, p.135-140, 2002.
22. EVÁ-PEREIRA, A. Má absorção de lactase do adulto em população brasileira. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas, UNICAMP, 1981.
23. BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. Intolerância à lactose. Disponível em: . Acesso em 06 de maio de 2010.