Os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009 apontam que uma em cada três crianças brasileiras está acima do peso recomendado pela OMS.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde (MS), divulgou no final de agosto os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009. Foram analisados os dados de peso, estatura e Índice de Massa Corpórea (IMC) de mais de 188 mil pessoas em todas as regiões do país.
Seus resultados foram comparados com o Estudo Nacional da Despesa Familiar de 1974-1975, com a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição de 1989 e com a POF de 2002-2003, para obtenção da tendência secular [1].
Com a divulgação dos dados, o que era apenas um receio para muitos profissionais de saúde, tornou-se realidade: o excesso de peso e a obesidade são encontrados com grande freqüência entre a população brasileira já a partir dos 5 anos de idade, em todos os grupos de renda e em todas as regiões do país. Em 2009, uma em cada três crianças de 5 a 9 anos (33,5%) estava acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ultrapassando padrões internacionais [2].
Por outro lado, a boa notícia é que o déficit de estatura – considerado um indicador de desnutrição – caiu para 6,8% entre as crianças da mesma faixa etária, sendo ligeiramente maior entre os meninos (7,2%) que entre as meninas (6,3%).
A região Norte contempla a maior concentração de baixa estatura e a região Sul a menor. O déficit de peso estava presente entre 4,1% das crianças em 2009, com pouca variação entre os gêneros [2].
A avaliação do estado nutricional dos jovens entre 10 e 19 anos também revelou um aumento contínuo de peso nos últimos 34 anos, sendo mais perceptível no gênero masculino. A análise mostrou que 21,5% dos adolescentes estavam com excesso de peso e que a obesidade apresentava tendência ascendente, passando de 0,4% para 5,9% entre os rapazes e de 0,7% para 4,0% entre as meninas [2].
Na população adulta, o quadro é ainda mais inquietante, já que o excesso de peso quase triplicou entre os homens (de 18,5% em 1974-1975 para 50,1% em 2008-2009) e representou 48% entre as mulheres. Os valores para obesidade foram de 12,4% para o gênero masculino e 16,9% para o feminino [2].
Segundo os dados da POF, os homens com maior taxa de renda foram os mais atingidos pelo excesso de peso e obesidade, além de se destacarem nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e nos domicílios urbanos. Entre as mulheres, as duas condições se destacaram no Sul do país e nas classes intermediárias de renda [2].
Considerando que o excesso de peso entre os adultos tem aumentado mais de um ponto percentual ao ano, é possível prever que em cerca de dez anos dois terços da população adulta do Brasil se enquadrará dentro desta classificação, atingindo proporção idêntica à encontrada atualmente nos EUA [2,3,4].
Por meio de uma serie de relatórios e ações, a OMS vem alertando os governos sobre o impacto da obesidade na saúde pública e na economia dos países, indicando a necessidade de programas que propiciem padrões alimentares saudáveis e a prática de atividade física regular.
Nesse sentido, os profissionais de saúde exercem papel fundamental como formadores de opinião, educadores e incentivadores de um estilo de vida que promova o balanço energético e a ingestão de alimentos básicos, que incluem arroz, feijão, hortaliças e frutas.
Referencias Bibliográficas:
[1] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. POF 2008/09 mostra desigualdades e transformações no orçamento das famílias brasileiras. http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1648&id_pagina=1. Consultado em 08 set. 2010.
[2] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. POF 2008-2009: desnutrição cai e peso das crianças brasileiras ultrapassa padrão internacional http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1699&id_pagina=1. Consultado em 08 set. 2010.
[3] Centers for Disease Control and Prevention. Overweight and Obesity. http://www.cdc.gov/obesity/index.html. Consultado em 08 set. 2010.
[4] Monteiro CA. O aumento da obesidade. Jornal O Globo. 28 abr. 2010.
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