Definição
Intolerância à lactose é a incapacidade de digerir a lactose, resultado da deficiência ou ausência da enzima intestinal chamada lactase. Esta enzima possibilita decompor o açúcar do leite em carboidratos mais simples: glicose e galactose, para a sua melhor absorção. Este problema ocorre em cerca de 25% dos brasileiros.
Há três tipos de intolerância à lactose, que são decorrentes de diferentes processos. São eles:
1) deficiência congênita da enzima : é um defeito genético muito raro, no qual a criança nasce sem a capacidade de produzir lactase. Como o leite materno possui lactose, a criança é acometida logo após o nascimento.
2) diminuição enzimática secundária a doenças intestinais: é bastante comum em crianças no primeiro ano de vida e ocorre devido à diarréia persistente, pois há morte das células da mucosa intestinal (produtoras de lactase). Assim, o indivíduo fica com deficiência temporária de lactase até que estas células sejam repostas.
3) deficiência primária ou ontogenética: é o mais comum na população. Com o avançar da idade, existe a tendência natural à diminuição da produção da lactase. Esse fato é mais evidente em algumas raças como a negra (até 80% dos adultos têm deficiência) e menos comum em outras, como a branca (20% dos adultos).
Devido a essa deficiência, a lactose não digerida continua dentro do intestino e chega ao intestino grosso, onde é fermentada por bactérias, produzindo ácido láctico e gases (gás carbônico e o hidrogênio). A presença de lactose e destes compostos nas fezes no intestino grosso aumenta a pressão osmótica (retenção de água no intestino), causando diarréia ácida e gasosa, flatulência excessiva (excesso de gases), cólicas e aumento do volume abdominal.
Os sintomas mais comuns são:
- Náusea;
- Dores abdominais;
- Diarréia ácida e abundante;
- Gases;
A severidade dos sintomas depende da quantidade de lactose ingerida e da quantidade de lactose que cada pessoa pode tolerar. Em muitos casos pode ocorrer somente dor e/ou distensão abdominal, sem diarréia.
A intolerância à lactose pode ser diagnosticada por três testes:
- Teste de tolerância: Consiste em fornecer lactose pura ao paciente e durante as horas seguintes, retirar amostras de sangue que indicaram os níveis de glicose. Se a pessoa for tolerante à lactose, a concentração de glicose no sangue aumenta, e se for intolerante ela aumenta muito pouco ou não aumenta. Este teste não é usado em crianças muito novas, pois a grande carga de lactose pode causar diarréia e desidratação, acarretando sérios problemas.
- Monitoração da quantidade de hidrogênio nos gases exalados pela respiração, após a ingestão da lactose: O hidrogênio é produzido na fermentação da lactose pelas bactérias quando ela chega ao intestino grosso, onde não deveria chegar. O hidrogênio é absorvido pelo intestino, transportado pela corrente sangüínea até os pulmões e, então, exalado pelo ar expirado. Se o paciente consumir leite, por exemplo, e a concentração de hidrogênio do ar exalado aumentar, isto indica que a lactose não foi propriamente digerida. Este teste, assim como o de tolerância à lactose, não é usado em crianças muito novas pelo mesmo motivo. Alguns medicamentos e alimentos, além de cigarro, podem interferir no teste.
- Teste de acidez das fezes: Detecta os ácidos produzidos pela má digestão da lactose. Este teste é útil em crianças muito novas e pode fornecer alguma idéia se a criança é intolerante à lactose.
Tratamento
Não há tratamento para aumentar a capacidade de produzir lactase, mas os sintomas podem ser controlados pela dieta. Nos casos em que o leite é essencial, como nos recém-nascidos com as formas congênita ou secundária da doença, a opção é o uso de opções sem lactose, como o extrato de soja (leite de soja) ou fórmulas infantis sem lactose. Mas a maioria dos jovens e adultos não precisa evitar a lactose completamente, diminuindo sua ingestão, já ocorre uma melhora nos sintomas.
O controle da dieta para as pessoas intolerantes depende de se experimentar os limites que cada um suporta, usando a tentativa e erro. Para aquelas pessoas que reagem a pouca quantidade de lactose, é possível encontrar no mercado brasileiro leite UHT hidrolisado, ou com baixo teor de lactose, sendo produzido por diversas empresas.
Curiosamente, os iogurtes em algumas pessoas, mesmo quando ingeridos em grande quantidade, não causam sintomas, já que as bactérias presentes nas suas fórmulas (lactobacilos) produzem lactase suficiente para a digestão da lactose.
As pessoas com intolerância à lactose não necessitam de uma dieta extremamente rigorosa, basta que se tenham alguns cuidados básicos sobre o que se deve comer. Se os sintomas forem devidos só à não digestão da lactose: deve-se substituir o leite por seus derivados, ou por leite com teor reduzido de lactose.
Alimentos com alto teor de lactose:
- Leite de vaca e seus derivados;
- Preparações à base de leite (bolo, pudins, cremes, entre outros...);
- Bolachas, biscoitos que possuem leite em sua composição.
- Carnes em geral;
- Margarina (sem lactose em sua composição), geléias;
- Todas as leguminosas (feijão, vagem, lentilha...);
- Arroz e cereais em geral;
- Todas as frutas, verduras e legumes;
- Extrato (Leite) de soja e de arroz, queijo tipo tofu;
- Vários alimentos desenvolvidos sem lactose, que em sua versão normal teriam lactose como: pães, biscoitos, chocolates, balas, pudins, creme de soja (substituição do creme de leite), doce de soja (substituição do doce de leite), cookies, barras de cereal, entre outros alimentos.
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